quarta-feira, 28 de abril de 2010

HISTÓRIA DA BISSEXUALIDADE HUMANA



Para inúmeros estudiosos, a bissexualidade existe desde que o mundo é mundo. Segundo Luiz Carlos Pinto Corino, Bacharel em Direito; acadêmico do curso de História da FURG; pesquisador do GPHA – Grupo de Pesquisa de História Antiga, há indícios da bissexualidade na história antiga. A homossexualidade do homem grego chegou até nós por meio dos antigos romanos, que chamavam o relacionamento entre dois homens de “amor à grega”. De acordo com outro estudioso do ramo, Sir Kenneth Dover, em seu estudo magistrae sobre a homossexualidade grega, chegou a conclusão de que na Grécia Antiga as relações homoeróticas surgiam mediante as necessidades não supridas de relações pessoais como o casamento ou até mesmo entre pais e filhos.

O relacionamento sexual entre dois homens era visto de forma diferente em Esparta e Atenas. Em Esparta, uma sociedade guerreira, os casais de amantes homens eram incentivados como parte do treinamento e da disciplina militar. Essas práticas dariam coesão às tropas. Em Tebas, colônia espartana, existia o Pelotão Sagrado de Tebas, tropa de elite composta unicamente de casais homossexuais. Eram extremamente ferozes, pois lutavam com muita bravura para que nada acontecesse a seus parceiros. Em campo de batalha eram quase imbatíveis. Assim, podemos ver que a homossexualidade dos espartanos em nada influenciava sua condição de homens e guerreiros. (PINTO; CARLOS, 2006 ).

Ainda segundo Luiz Carlos Pinto Corino, a sociedade ateniense aceitava a relação homossexual básica, o relacionamento amoroso de um homem mais velho, chamado de erastes (amante), por um homem mais jovem a quem chamavam eromenos (amado). Sendo que este relacionamento era chamado paiderastia (amor a meninos). A intenção era passar o conhecimento do erastes ao eromenos. E o papel da mulher? As mulheres de lá estavam destinadas a única e exclusiva função de reproduzir. Depois que geravam o filho, não tinham mais seu papel dentro da sociedade. “Após gerar o filho, seu papel dentro da sociedade estava terminado. Essa transmissão cabia ao pai, mas este estava mais preocupado com a política, assim o menino era primeiro educado pelo Estado e depois pelo erastes”. (PINTO; CARLOS, 2006).




A partir desse panorama podemos afirmar que existe de fato uma história a cerca da bissexualidade, história esta iniciada na Grécia Antiga. A sociedade grega era bissexual, mas dentro certos limites.
Já Michel Foucault (1984) importante filósofo e professor francês, não acreditava que a sexualidade era reprimida na Grécia Antiga, segundo ele a sociedade, o sistema da época, ligava o prazer e o poder e ainda para ele, o sexo não foi proibido na Idade Clássica (século XVII).

Para os gregos antigos, o ato sexual era positivo. Já os cristãos o associaram ao mal e passaram a excluir uma série de atitudes, pois viram a queda na infidelidade, no homossexualismo e na não-castidade. Prega-se, a partir daí, a abstenção, a austeridade, o respeito à interdição, de modo que o indivíduo sujeite-se ao preceito cristão em torno do sexo. A homossexualidade era livre na Grécia Antiga e fazia parte dos ritos mantidos por mestres e pupilos em busca da sabedoria. Numa incursão na Idade Antiga, explica-se as práticas de si. Os gregos não tinham instituições para fazer respeitar as interdições sexuais, como a Igreja que surge fundamentada, no século IV, pelo filósofo Santo Agostinho. Eles tinham toda uma técnica de atenção ao corpo, uma dietética voltada para a gestão da saúde, um cuidado de si que influía nas práticas sexuais. Platão se mostra contrário à sujeição do homem ao domínio de Eros (prazer). (FOUCAULT; 1984, p.109)


Baseado na obra de Foucault, diversos pesquisadores discorreram sobre o tema, entre eles Kary Jean Falcão, Pedagogo, Mestrando em Ciência da Linguagem pela Universidade Federal de Rondônia UNIR e Tompereira administrador que mantém um site sobre discurssões acerca de diversos temas. Segundo eles, os gregos escolhiam abertamente entre ambos os sexos. O homossexualismo era tolerado, era permitido pela lei e pela opinião. Acreditava-se que o homem não precisava de outra natureza para isso. O homossexualismo tinha o papel na pedagogia, o homem mais vivido era mais sábio, tinha o poder de ensinar. A homossexualidade grega estava relacionada a côrte, a reflexão moral. Foucault, em sua obra que não chegou a ser concluída devido a sua morte, afirmou que na Grécia o sexo não foi realizado só por prazer.
Segundo os gregos as mulheres não sabiam apreciar o belo, não tinha nem direito a assistir as disputas nas arenas. Os atletas disputavam nus para exbir a beleza física. Pois o ideal de excelência era o masculino. Entre os egípcios, gregos e romanos, a história revela casos de homossexualidade, a exemplo dos deuses Oros e Seti, dos filósofos Sócrates e Platão e Alexandre Magno.

Se houvesse maneira de conseguir que um estado ou um exército fosse constituído apenas por amantes e seus amados, estes seriam os melhores governantes da sua cidade, abstendo-se de toda e qualquer desonra. Pois que amante não preferiria ser visto por toda a humanidade a ser visto pelo amado no momento em que abandonasse o seu posto ou pousasse as suas armas. Ou quem abandonaria ou trairia o seu amado no momento de perigo? (PLATÃO 428 A.C - 348 A.C).

Em 1905, através do livro Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade, Freud já descrevia a bissexualidade. Para ele era normal, era universal nos seres humanos. “Assim, somos instruídos a afrouxar o vinculo que existe em nossos pensamentos entre a pulsão e o objeto. É provável que, de inicio, a pulsão sexual seja independente de seu objeto, e tampouco deve ela a sua origem aos encantos destes” (FREUD, 1905, p.140).
Em relação a bissexualidade feminina, podemos constatar através das terapeutas americanas Elizabeth Oxley e Claire Lucius que são bissexuais, no artigo Looking Both Ways: Bisexuality and Therapy que muitas mulheres bissexuais são isoladas no que se diz respeito a grupo, muitas se mesclam em grupos gay.
Segundo a reportagem da pesquisadora Stefanie Kranjec, publicado no blog Leituras Favre, Pesquisadores estudaram 79 mulheres não-heterossexuais ao longo de uma década e observaram que as bissexuais mantiveram-se com atração tanto por homens quanto por mulheres durante todo o período. Isso então de uma certa forma comprova que a bissexualidade é uma orientação sexual.
Segundo a jornalista Carina Rabelo, que escreveu uma reportagem sobre bissexualidade para revista Istoé, ao longo dos anos, não faltaram exemplos de personalidades que assumiram gostar de ambos os sexos:

 
Alexandre o Grande: O rei da Macedônia, conhecido pela sua virilidade e bravura, teria se apaixonado por Hephastion, um amigo de infância com quem manteve uma relação de anos. Mas nunca deixou de se relacionar com mulheres, entre elas a princesa Roxane, da Pérsia.
Frida Kahlo:  Apesar da paixão pelo seu marido, Diego Rivera, e do envolvimento com León Trotsky e o poeta André Breton, a pintora mexicana se relacionou com as atrizes Dolores Del Rio, Maria Felix e Paulette Goddard e a artista plástica Geórgia O’Keeffe.
Simone de Beauvoir:  Na obra O segundo sexo, a escritora fala abertamente da sua bissexualidade e das relações que mantinha com as alunas. Ela defendia os triângulos amorosos e se relacionava com o filósofo Jean-Paul Sartre, com quem compartilhava amantes. (CARINA RABELO, 2008)

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